Nível de idioma é a mais
frequente e mais manjada, dizem recrutadores.
Motivo da demissão vem
em segundo lugar.
Muitas mentiras, omissões ou supervalorizações de
competências geralmente começam no currículo e são sustentadas durante a
entrevista de emprego.
O caminho até a descoberta da verdade pode ser mais
curto ou mais longo. Na primeira hipótese o candidato que falseia informações é
desmascarado na própria entrevista. Resultado: sai “queimado” da conversa e
corre o risco de não participar de outros processos seletivos.
Na segunda, o candidato conquista a oportunidade
profissional e a mentira ou omissão é descoberta quando já está contratado.
Resultado: ele pode até ser demitido por justa causa.
De um jeito ou de outro, quem mente se dá mal, dizem especialistas consultados por EXAME.com. Confira quais as mentiras, invenções, supervalorizações e omissões - em currículos e entrevistas de emprego – que são as mais manjadas pelos recrutadores:
De um jeito ou de outro, quem mente se dá mal, dizem especialistas consultados por EXAME.com. Confira quais as mentiras, invenções, supervalorizações e omissões - em currículos e entrevistas de emprego – que são as mais manjadas pelos recrutadores:
1. Nível de conhecimento de um idioma estrangeiro ou de informática
A supervalorização de um idioma, sobretudo o inglês,
de longe foi o aspecto mais citado pelos especialistas. Aqui, o nível básico
passa a ser intermediário. O nível intermediário é avançado. O avançado é
fluente.
“É muito comum o candidato exacerbar o conhecimento do
idioma”, diz Rosane Jablonski, consultora da Resch Recursos Humanos. “É a
primeira e a mais fácil de pegar porque a gente sempre faz uma parte da
entrevista em inglês”, diz André Magro, gerente da área de Recursos Humanos da
Hays.
Mas, nem sempre quem faz isso está mal intencionado,
de acordo com Caroline Pfeiffer, diretora de marketing e vendas da LHH|DBM.
“Muitas vezes, o que ocorre é que o candidato se percebe fluente, mas de fato
não é”, diz.
Magro também diz ser frequente candidatos afirmarem
dominar programas como o Excel, por exemplo, quando na verdade não dominam.
Segundo ele, essa mentira é mais difícil de ser descoberta na etapa de seleção.
“Não é uma questão que costuma ser provada na entrevista”, diz ele.
Dica: Pode até ser uma questão de interpretação errada
que o candidato faz do seu conhecimento do idioma. Mas para evitar situações
embaraçosas com o recrutador ou até mesmo já no novo emprego, procure ser fiel
ao que, de fato você sabe de um idioma. O mesmo vale para conhecimentos de
informática. “A pessoa vai ser contratada com uma expectativa e exigida com
base no que prometeu”, lembra Magro.
2. Motivo de saída de um emprego
Cuidado ao alegar a tradicional “reestruturação da
empresa” para justificar a sua demissão. Essa mesma expressão foi citada pelos
três especialistas consultados como uma das mentiras mais frequentes nas
entrevistas. “É o motivo que mais aparece”, diz Magro.
“Quando a gente pergunta, na maioria das vezes, eles
alegam isso por receio de ser considerados incompetentes”, diz Rosane.Mentir
sobre o real motivo da saída é complicado. Os especialistas lembram que
geralmente as empresas exigem referências dos candidatos. “A gente acaba tendo
a informação do motivo do desligamento”, diz Rosane.
Dica: Os três especialistas são unânimes: ter sido
demitido não significa que você é incompetente. “Nós não julgamos ninguém, uma
demissão não quer dizer que o candidato é mau profissional”, diz Magro.
O motivo da saída é chato? É uma briga com o chefe?
“Sempre dá para amenizar, dizer que não estava alinhado com o gestor”, diz
Magro “O melhor é tentar se explicar de uma forma que não precise queimar a
empresa e nem o ex-chefe” diz Rosane. “Indico que as pessoas estejam preparadas
para falar disso de uma maneira franca”, diz Caroline.
3. Responsabilidade do cargo anterior
Aumentar ou inventar responsabilidades do cargo
anterior também é uma prática comum em entrevistas de emprego. De membro da
equipe responsável por um projeto, o candidato passa a líder dele. “Muito
candidatos falam como se tivessem liderado projetos dos quais apenas
participaram”, diz Magro.
Outro caso comum, na opinião do gerente da área de
Recursos Humanos da Hays, é alteração da nomenclatura do cargo. “Uma pessoa que
ficou 5 anos em uma empresa, passou por diversas posições até chegar a gerente,
omite as outras e deixa apenas a de gerente, dando a entender que passou todo o
tempo naquela função”, explica o especialista.
Dica: Recrutadores conhecem a estrutura das empresas
para as quais selecionam candidatos. “Fica fácil descobrir quando o cargo não
condiz com aquela responsabilidade que ele diz ter tido”, diz Magro.
A mentira em relação à nomenclatura também pode ser
desmascarada no momento em que são levantadas as referências do candidato.
Deixar clara a sua trajetória de ascensão na empresa é muito melhor do que
omiti-la.
Muitas vezes a competência do candidato pode não ser a
exigida para aquela vaga. Mas se for verdadeiro poderá participar de outros
processos seletivos. “Se mentir vai perder aquela vaga e também a oportunidade
de participar de outras seleções pois a gente já coloca um sinal vermelho”,
avisa Rosane.
4. Datas de saída e entrada em empresas
Com receio de expor um período de desemprego, alguns
candidatos optam por alterar a data de saída de uma empresa e de entrada em
outra. “Uma empresa é “emendada” na outra. O candidato diz não ter ficado nem
um tempinho desempregado”, explica Rosane.
Muitas vezes, diz Magro, isso também é feito com
objetivo de omitir uma curta passagem em outra empresa, “Muita gente fica 3 ou
4 meses em um lugar, sai por algum motivo e decide omitir essa passagem
alterando datas de saída e entrada”, explica o especialista.
Dica: Nunca se esqueça de que a franqueza conta pontos
com recrutadores. Na opinião de Rosane passar um tempo fora do mercado não é
demérito, ainda mais se há uma justificativa. “As vezes a pessoa foi viajar,
fazer um curso fora”, diz.
Alterar datas é uma questão muito delicada, na opinião
de Magro. “Não é apenas uma questão de interpretação, como no caso do nível de
conhecimento de idioma. Já vi casos que a mentira foi percebida na hora que o
candidato foi entregar a carteira de trabalho”, conta.
5. Remuneração
“Na entrevista, o candidato aumenta o valor do último
salário, mas quando você vê a carteira de trabalho o benefício era menor”, diz
Magro.
De acordo com ele, muitas vezes as pessoas justificam
a diferença dizendo que recebiam um bônus por exemplo. “Há coisas que não posso
fazer, como, por exemplo, pedir um holerite ou a declaração de imposto de renda
para confrontar”, diz o especialista.
Dica: Prefira negociar o novo salário a mentir sobre o
valor do anterior. Se o recrutador desconfiar de você, vai cortá-lo dos
próximos processos seletivos.
6. Inventar que tem um diploma superior
Impossível não se lembrar do caso e das consequências
sofridas pelo ex- CEO do Yahoo! Scott Thompson. O executivo inventou um diploma
em Tecnologia da Informação na Stonehill College e acabou sendo demitido por
isso, em maio deste ano.
Mentir sobre a formação acadêmica é o pior erro que um
candidato a uma oportunidade de emprego pode cometer. “Não é tão comum, mas há
casos”, diz Rosane. O Yahoo! que o diga.
Rosane conta que já viu uma candidata dizer que tinha
formação superior completa, conseguir o emprego e, na hora de entregar o
documento, alegar que tinha perdido o diploma. “Ela disse que estava tirando a
2ª via, mas se passaram meses e ela nunca entregou”, diz.
A empresa acabou entrando em contato com a faculdade e
descobriu que o nome da sua nova funcionária não constava nos registros
acadêmicos. “Ela foi demitida por justa causa e banimos o nome dela do nosso
banco de dados”, diz.
Dica: O conselho é simples: antes de pensar em
inventar uma formação, pense na consequência desastrosa que isso terá para sua
carreira quando a realidade vir à tona. Por mais longo que seja o caminho da
mentira, ele sempre termina na verdade.
“ Há empresas que, para evitar estas mentiras, pedem
que o candidato apresente o diploma na própria entrevista de emprego”, diz
Rosane.
Por Camila Pati
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