Outro dia fui
repreendido por uma advogada porque não a chamei de “Doutora”. Um amigo me
contou que ficou esperando duas horas para que lhe fosse entregue um cheque que
estava pronto sobre a mesa de um diretor. Ao entregá-lo a secretária lhe disse:
“O cheque está pronto há muito tempo. É que o meu diretor gosta de deixar as
pessoas esperando para se fazer de importante”. Um agente de viagens me contou
que há clientes que fazem absoluta questão de sentar no primeiro assento do
avião, pois acham que sentar no primeiro assento é questão de status. Numa
oficina, um mecânico me disse que o “Dr. Fulano” não aceita esperar um minuto
sequer. A mesma coisa ouvi de um frentista de posto de gasolina: “Aquela mulher
não suporta esperar que atendamos outra pessoa em sua frente. Ela quer que a
gente pare de atender a outra pessoa para atendê-la”. Maitres e garçons ficam
abismados de ver que há clientes que não vão ao restaurante se a “sua” mesa
estiver ocupada. Uns assistem uma palestra sobre vinhos e se acham os maiores especialistas
em enologia, ensinando o sommelier. Outros fazem questão absoluta de serem
atendidos pelo dono do restaurante e não por garçons. Alguns não admitem que
seu “carrão” vá para o estacionamento. Exigem que ele fique estacionado
defronte ao restaurante - mesmo que não haja vagas. Tal hóspede só fica na
suíte 206. “Se ela estiver ocupada ele fica uma fera”, disse-me o gerente do
hotel...”O presidente só toma café nesta xícara”, confidenciou-me a copeira da
empresa. “Quando a anterior quebrou não encontramos no Brasil. Daí um diretor
trouxe outra igual da França...”.
Esta lista de
exigências não teria fim se quiséssemos esgotá-la. Por que certas pessoas
sentem tanto desejo e mesmo necessidade de status?
Alain de Botton, um
filósofo contemporâneo, estuda esse desejo tão exacerbado nos dias atuais em
seu livro que leva o nome desta mensagem: “Desejo de Status” (Editora Rocco,
2004). O autor analisa o “esnobismo” contemporâneo como forma de vencer o
anonimato e a falta de conteúdo das pessoas neste mundo de aparências em que
vivemos. Vale a pena ler.
O mundo já está
complicado demais para que as pessoas ainda vivam buscando status. Pessoas
esnobes, desejosas de deferências e rapa-pés parecem não compreender que
estamos no século XXI e não no XIX. Fico impressionado ao ouvir relatos de
pessoas que fazem exigências absurdas, atendimentos especiais, mesas únicas.
Geralmente são pessoas de origem humilde que necessitam dessas exigências e até
da arrogância, para mostrar a sua importância, já que elas próprias, pouca
importância se dão, dizem os psicólogos e filósofos que tratam do assunto.
Veja se você não está sendo vítima de um desejo exagerado de status e fazendo exigências descabidas de serviços e atenções, tornando-se arrogante e esnobe. Faça uma auto-análise antes de cair no ridículo e ser motivo de chacota das pessoas que lhe atendem e servem, mas riem de sua insegurança assim que você deixa o ambiente, crente que está abafando.
Pense nisso. Sucesso!
Escrito por Luiz Marins
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