Heike Bruch, professor de
liderança da Universidade de St. Gallen, na Suíça e Sumantra Ghoshal, professor
de estratégia e gerência internacional na London Business School, Londres,
estudaram, durante dez anos o comportamento de gerentes “muito ocupados” em
quase doze grandes empresas incluindo Sony, LG Electronics, Lufthansa e outras.
(*)
Pasmem! Nada menos que 90%
(noventa por cento) dos gerentes gastam seu tempo em toda sorte de atividades
com baixo valor ou eficácia. Em outras palavras, somente 10% (dez por cento)
dos gerentes ocupam seu tempo em atividades comprometidas, de real valor para a
empresa. Assim, os autores alertam para a diferença entre gerentes (chefes,
executivos, supervisores) que realmente contribuem para o crescimento e
desenvolvimento da empresa e os que “se fazem parecer muito ocupados” e quase
nada contribuem efetivamente.
Um chefe, gerente, diretor,
eficaz, deve ter duas coisas fundamentais, dizem os autores – foco e energia. E
a partir dessa premissa, constatam haver quatro tipos de gestores:
(1) Os que deixam tudo para
depois. São os que não têm foco nem energia. Sem foco e sem energia tudo fica
por conta do tempo e do “Deus dará” como dizemos. São os procrastinadores. Os
que não assumem, não se comprometem. Segundo o estudo, esse tipo chega a 30%
dos pesquisados;
(2) Mais ou menos 20% dos
gerentes estudados têm um foco alto e uma energia baixa. São os ”cansados”. Os
que não lutam pelos seus propósitos. Eles sabem o que querem e devem fazer mas
falta-lhes a “força para fazer, para implementar”. Não são realmente
“engajados” no desenvolvimento da empresa, desistem logo, acomodam-se frente a
qualquer desafio maior;
(3) O maior grupo – mais de
40% dos gerentes estudados – são os que têm uma energia alta e foco baixo. São
“ativistas”. Fazem, fazem, correm, correm, mas não sabem direito para onde
estão correndo nem se o que estão fazendo os está levando a algum lugar. Sentem
uma desesperada necessidade de estar “fazendo alguma coisa o tempo todo”. Ocupam-se
de tarefas que não lhes é pertinente. Centralizam tudo para sentirem-se
ocupados e ativos;
(4) Somente 10% dos
pesquisados entraram na categoria ideal – foco alto, bem definido e
energia elevada. Esses são aqueles chefes, gerentes, dirigentes que realmente
fazem a diferença pois além de saberem exatamente onde querem chegar, têm a
necessária energia para fazer, implementar, acompanhar, motivar pessoas. São os
que pensam, questionam, planejam, fazem acontecer, estimulam colaboradores,
mostram a direção certa, motivam, lideram, os realmente comprometidos.
Encontramos em todas as empresas
estes quatro tipos de dirigentes. A análise do quadrante Foco/Energia
parece ser uma ótima ferramenta para a avaliação do quadro de gestores de uma
empresa. Num mundo competitivo como o que estamos vivendo, é fácil um gerente
cair na armadilha do “ativismo”. Trabalhar longas horas, exigir relatórios,
criar burocracias desnecessárias, centralizar decisões além da necessidade,
podem dar ao gerente uma sensação de competência e além disso dar a ele a idéia
de estar passando para seus superiores uma imagem de comprometido. Desconfiar,
pois do gerentes “muito ocupados” é um desafio que precisa ser enfrentado nas
empresas. Dirigentes têm que ter tempo para questionar, pensar, planejar,
inovar, liderar, motivar seus subordinados à ação eficaz que realmente leve a
empresa ao sucesso.
O “procrastinador”, aquele
que deixa tudo para depois, que “empurra com a barriga” é mais fácil de ser
detectado. Muitas vezes a sua atitude de indecisão permanente é justificada
pelas incertezas do mercado. A procrastinação pode até vir fantasiada de
“prudência”, mas ela, certamente é vista hoje, com certa facilidade, como algo
negativo.
Também não é uma tarefa
difícil na avaliação de dirigentes, a detecção dos “desengajados”. Eles
sabem bem o que deve ser feito e até o como fazer. Mas falta-lhes o “pique”, o
“drive” para fazer as coisas acontecerem. Falta-lhes a energia para lutar. Esse
tipo de dirigente muitas vezes se justifica, dizendo-se “cansado de lutar”
contra os que não compreendem suas posições. Muitas vezes usam a expressão:
“cansei de brigar para trabalhar” e parecem ter realmente desistido. Esse tipo,
acomodado é muito perigoso para a empresa porque ele não é mau em si. Quando
discursa, fala, expõe seus pontos de vista, são capazes de convencer pela
coerência de seus argumentos. Isso ocorre porque eles têm foco. Sabem o que
fazer e como fazer. Mas na hora de implementar, são fracos de vontade. Desistem
frente a qualquer obstáculo e muitas vezes fazem-se de vítimas.
O que a pesquisa realmente
nos traz de assustador é justamente o fato de que somente 10% dos gerentes
puderam ser classificados como “comprometidos”, empreendedores, etc. Eis aqui
um grande desafio para a empresa. Como competir e vencer com esse quadro? O que
fazer para mudar esses 90% dos quadrantes onde estão para o quadrante do
comprometimento?
E a nós resta-nos fazer uma
auto-análise. Nesse quadrante – foco e energia – onde nos encontramos? Que tipo
de dirigentes somos nós? Temos tido foco e energia elevados para fazer a
diferença no mundo de hoje?
Pense nisso. Sucesso!
Luiz Marins
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